Luanda - Geremias Ekundi Tchuculia, adolescente angolano de 17 anos, que em vida residiu no município de Cacuaco em Luanda, artisticamente conhecido por Mano Chaba. Faleceu no dia 21 de Janeiro vítima de afogamento numa das praias de Luanda.
Fonte: Club-k.net
Em pleno Século 21 custa-nos entender que um adolescente, de 17, anos morra afogado numa praia de Luanda, sem ter tido a possibilidade de receber os primeiros socorros. As imagens que circularam pelas redes sociais são chocantes e revoltantes. Nela se pode observar como os seus amigos do finado atrapalhados sem jeito, procurando dar o melhor que podiam, transportavam a vítima numa viatura particular, sem dignidade, nem cuidado médico e humano possível, estas imagens deveriam envergonhar-nos a todos, como angolanos e angolanas. Não é este o tratamento que os filhos de Angola merecem em situações de emergências médicas. Onde é que estavam os socorristas? Se o Governo Provincial não tem possibilidades de colocar socorristas em todas as praias onde está permitido o banho, então, que não as abram. Que as fechem, por segurança e para a preservação da vida humana, especialmente, a das crianças. Se o governo angolano, mormente o governo provincial de Luanda, não conseguiu garantir a segurança para os banhistas, então sintam-se responsáveis pela morte deste jovem e de todos que, como ele, morrem diariamente por falta de socorristas nas praias, nas piscinas, nos rios, nos lagos e lagoas do país, onde se autoriza o banho.
A morte do Mano Chaba, sublinhe-se, não tem outro responsável senão o governo, especialmente o Governo de Luanda. Porque é que depois de 50 anos de independência não conseguiram garantir que as crianças aprendam a nadar dentro do currículo escolar. Algo tão básico como isto, é tão difícil? Porque é que não existem nos municípios, pavilhões gimno desportivos que facilitem a aprendizagem de um desporto tão vital como a natação para toda a cidadania? Todos os dias morrem por todo o país crianças, jovens e pessoas adultas por afogamentos e ninguém diz nada, todos olham para outro lado. Com a perda irreparável do nosso irmão Mano Chaba, talvez seja hora de olhar para este assunto com a seriedade que ele merece. Não é aceitável perdermos de forma tão absurda os nossos filhos e filhas e os nossos irmãos e irmãs. Este miúdo não devia ter morrido se o governo de Luanda tivesse feito o seu trabalho correctamente, por isso, de nada serviu aquela visita do Sr. governador Luis Nunes, a casa da família do finado. Foi uma espécie de pedido de desculpas? teatro político? ou foi o quê? Não se entendeu patavina nenhuma. Ceifam a vida dos cidadãos negligentemente todos os dias nos hospitais com a falta de tudo, nas ruas por falta de segurança, nas famílias pela carência de tudo e mais, nas praias por falta de socorristas e de educação em primeiros socorros a população e ainda têm a coragem e cara de pau de ir fazer de contas que as nossas dores vos doem? Perdoem-me o pleonasmo. Concentrem-se, se realmente a dor do povo vos dói, deixem de simular comportamento, façam o vosso trabalho. Sirvam o povo na sua plenitude e com justiça. Angola inteira chora todos os dias a partida prematura dos seus filhos. Durante estes dias choramos a tua partida querido irmão, Mano Chaba. Um jovem com um talento promissor. Mente brilhante, como a maioria das mentes dos jovens dos nossos guetos, filhos das famílias mais humildes do nosso país, filhos, que só necessitam de uma oportunidade para brilhar.
Nós os angolanos e angolanas, da Angola real, os que viemos dos guetos, kimbos e aldeias, os que sabemos o que é não ter padrinhos na cozinha para triunfar, seguiremos o que disseste; O amor é a chave de tudo. Temos que nos amar mais como irmãos, porque o amor é o bem mais precioso deste mundo, é bíblico e é gratuito.
Mano Chaba, vía-se em ti um ser de Luz. Descanse na Paz.